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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Como viajar de avião com cães - parte 2

Oi gente, mil desculpas pela imensa demora em postar a segunda parte dessa maratona! O blog parou no tempo e no espaço por causa desse post que eu nunca tinha disposição para escrever! Todas as vezes que eu entrava aqui para continuar o relato, lembrava do estresse que foi o processo da viagem e desistia... Mas enfim, hoje terminei mais uma parte e aí está!

ONDE LEVAR O CÃO?
A primeira coisa que precisa ser vista é onde o cachorro vai. Dependendo do peso e do tamanho ele pode ir junto com você na cabine (o que na minha opinião - e isto não é unânime - é sem sombra de dúvidas a melhor de todas as opções). O limite de peso por cão na cabine varia de empresa para empresa, no nosso caso eram 9 Kg (cão + caixa de transporte). Além do peso, é importante ver se a caixa de transporte está dentro dos limites de tamanho estabelecidos pelas companhias aéreas. Um lebrel italiano, por exemplo, pode até estar dentro do limite de peso, mas muito dificilmente caberá embaixo do assento da aeronave como manda a regra. Se o cão for pesado demais ou grande demais para ir na cabine, a segunda opção é ele ir no porão da mesma aeronave na qual você vai viajar, onde também existem limites para o tamanho máximo das caixas de transporte. A terceira e última opção é o cachorro viajar como carga desacompanhada, ou seja, ele vai no porão da aeronave mas não no mesmo voo que você.

Meus cães foram na primeira e na segunda opções (dois na cabine e um no porão), e portanto não posso comentar sobre pets viajando como carga desacompanhada. Parece-me que este terceiro procedimento é bem mais complexo (como se os outros já não fossem complexos o suficiente) e aparentemente exije a contratação de um despachante.

Por menores que sejam, dois cães não podem ir juntos na mesma caixa de transporte, a não ser que sejam filhotinhos. O peso somado de dois dos meus peludos não chega a 5 Kg e ainda assim eles tiveram de ir separados a viagem inteira. Outro detalhe: dois cães não podem viajar lado a lado na aeronave, o que para nós significava que eu e meu marido iríamos viajar longe um do outro. Mas nossa estrela é muito forte e, como sempre, as coisas se ajeitaram de forma que no final deu tudo certo. O primeiro voo estava vazio, então nós mudamos de lugar e ainda colocamos as bolsas de transporte com os cães em cima de uma das poltronas. O segundo voo estava lotado, mas conseguimos trocar de lugar com outro casal e ficamos novamente juntos. O terceiro voo também estava lotado mas ainda assim foi fácil, pois o próprio atendente no check-in já alterou os bilhetes e colocou as nossas poltronas juntas.

LIMITAÇÕES INDIVIDUAIS DAS EMPRESAS
Depois de verificar como o seu cão possivelmente deverá viajar, é preciso checar com a companhia aérea se ele efetivamente *pode* viajar daquela forma. Isto porque algumas companhias não permitem cães na cabine de forma alguma, independente do peso e do tamanho. Outras simplesmente não transportam pets, nem na cabine nem no porão. Algumas não aceitam no porão caixas de transporte acima de um determinado tamanho. E todas elas limitam o número de animais por aeronave e por pessoa, tanto na cabine quanto no porão (por exemplo, se eu estivesse viajando sozinha não poderia embarcar com meus 3 cães). Isto exije uma reserva antecipada, para que eles possam se programar quanto ao número de pets em cada voo.

Certifique-se primeiro através do site da empresa, em seguida ligue para confirmar o que você leu e se possível também pergunte pessoalmente no balcão da companhia, no aeroporto no qual você vai embarcar. É comum que o site diga uma coisa e o atendente diga outra. É comum também que um atendente diga uma coisa e outro atendente da mesma empresa diga outra coisa. Como eu já falei na parte 1, nenhuma fonte tem todas as informações e muitas vezes as pessoas que deveriam lhe orientar sabem menos do que você. Na minha experiência, isto foi válido tanto para os funcionários das companhias aéreas quanto para os do Ministério da Agricultura.

A "reserva" que você faz com a companhia aérea é uma coisa absolutamente empírica, pois nenhuma delas garante 100% o embarque do seu cachorro com antecedência, somente na hora do check-in. Isto se deve, aparentemente, a uma série de confirmações que precisam ser feitas na hora do embarque, como por exemplo a temperatura ao longo de todo o trecho voado, a condição de saúde do animal, a qualidade da caixa de transporte e por aí vai. Se a temperatura estiver muito quente ou muito fria, o cão não poderá embarcar. Se ele estiver doente ou for excessivamente agressivo, não poderá embarcar. Se a caixa de transporte não estiver dentro das normas, o cão não poderá embarcar.

Além disso, algumas companhias possuem uma série de embargos, como por exemplo o embargo de verão. Este embargo em especial significa que em vários meses do ano nenhum animal poderá voar no porão da aeronave devido ao excesso de calor. Outras empresas limitam o transporte de cães com dificuldades respiratórias, como pugs e buldogues. Fora isso há também o limite de idade, pois cães muito novos não podem viajar. Alguns criadores inexcrupulosos forjam a data de nascimento dos filhotes, para que eles embarquem antes da idade mínima recomendada. Isto é totalmente desaconselhável, pois cães muito novos podem ficar permanentemente traumatizados devido ao estresse da viagem e ao barulho dos motores. Apesar de não existir uma regra sobre a idade máxima, o bom senso pede que cães idosos não sejam submetidos a viagens de avião.

Um detalhe importante e sempre contraditório nas fontes de pesquisa é a necessidade de sedação. Pelas regras internacionais, a sedação é absolutamente desaconselhável, tendo em vista os efeitos imprevisíveis em combinação com a altitude. Infelizmente muitos veterinários e muitas companhias aéreas não estão cientes deste fato e por vezes recomendam sedativos para os cães. Muitas vezes são medicamentos leves e visam somente deixar o cachorro levemente sonolento, mas ainda assim é perigoso e viola as regras de segurança que visam o bem-estar do seu pet.

A CAIXA DE TRANSPORTE
Conseguir comprar as caixas de transporte foi um desafio à parte. Imagino que no Sudeste as caixas aprovadas para viagens internacionais devem ser encontradas em toda parte, facilmente, assim como é aqui nos Estados Unidos. Aqui a gente encontra as caixas de uma das melhores marcas, a Petmate, disponíveis nas prateleiras do supermercado, por menos de um terço do preço que se paga no Brasil. Estando no Recife eu não tinha esta facilidade, pois as caixas de transporte disponíveis para vender nas pet shops não são aprovadas para transporte aéreo internacional. Sei que algumas pessoas não se preocupam com isso e usam qualquer caixa, mas eu não queria falhas de segurança para os meus cães e também não queria correr o risco deles serem proibidos de embarcar porque as caixas não estavam dentro das normas.

Algumas empresas alugam as caixas, mas novamente o serviço só está disponível no Sudeste e mesmo assim você precisa voltar para o ponto de partida para devolver as caixas. Restava-me então como única opção comprar pela internet. Existem caixas de transporte de várias marcas cujos fabricantes afirmam que são homologadas para transporte aéreo. Elas podem ser compradas em sites como os da BitCão, da PetSuperMarket, da PetCenterMarginal ou da Cobasi. Entretanto eu vi no site da United Airlines os modelos das travas para caixas de transporte que são aceitas para viagens por esta companhia, e de acordo com as fotos do site, somente eram aceitáveis as caixas da Petmate, com fixação através de parafusos e porcas.

A linha Vari-Kennel da Petmate é mundialmente reconhecida pela qualidade do material, então eu sabia que com uma caixa dessas eu não teria problemas. Mas de todas as muitas lojas virtuais que eu conheço, somente a Cobasi vendia as caixas da Petmate. E a Cobasi na época não entregava no Nordeste (acho que agora já entrega). Outro estresse: como fazer para comprar a caixa? Perguntei a Deus e ao mundo, até que a minha veterinária indicou a Mon Ami Pet World. O site deles é ruim e cheio de falhas, e os produtos são superfaturados, mas era a minha única opção. Finalmente consegui comprar com eles a caixa de transporte para a minha cocker, depois de passar pelo dilema de qual tamanho escolher. Pesquisei em várias fontes o tamanho adequado para um cocker spaniel, porém como sempre as referências eram contraditórias e a maioria das fontes usava como base o cocker americano, menor e mais leve do que o cocker inglês.

É importante observar que existem regras para escolher a caixa de transporte adequada, e isso inclui o tamanho do seu cachorro e o peso dele, além do material de que é feita a caixa e do seu sistema de travas, como comentei mais acima. Se por acaso o seu peludo ficar no meio do caminho entre um tamanho e outro de caixa de transporte, prefira o tamanho maior. Obviamente, as regras para a escolha da caixa também não são unânimes, mas por segurança eu preferi seguir o que determinam as regras internacionais. Apesar de meus cães já terem suas respectivas caixas de transporte para viagens de carro, nenhuma delas era homologada para viagens aéreas (principalmente internacionais), então eu tive de comprar novas (e essas coisas não são baratas!).

Para os cães que viajam na cabine, os limites de tamanho das caixas de transporte são simplesmente impossíveis de cumprir. Eu sinceramente desconheço um cão que caiba confortavelmente numa caixa de transporte com tamanho suficiente para entrar embaixo da poltrona da aeronave, como é exigido. Dois dos meus peludos são bem pequenos, pesando cerca de 2,5 Kg cada, e ainda assim a menor caixa de transporte rígida que existe no mercado é grande demais para os limites das companhias aéreas. A solução é usar bolsas de transporte próprias para pets, mas é importante escolher um modelo dentro das normas, com fundo rígido e telas nas laterais. A bolsa é flexível e pode se adaptar ao confinamento da área embaixo da poltrona da aeronave, mas o cão lá dentro terá de ficar deitado, porque sentado ele não vai caber. As bolsas de transporte são mais leves do que as caixas e mais fáceis de carregar para cima e para baixo dentro dos aeroportos, coisa de grande valia na maratona que é conseguir embarcar com cães no Brasil. Comprei as minhas na PetSuperMarket.

A natureza naturalmente limpa da grande maioria dos cães adultos (filhotes são um caso à parte, hehe) faz com que eles evitem de todas as formas sujar o local onde estão pisando, mas se estiverem muito apertados, eles farão as necessidades mesmo num espaço confinado. Além do mais, sempre há o risco de vômitos. Portanto, por precaução, as companhias aéreas exigem que o fundo, tanto das caixas quanto das bolsas de transporte, seja coberto com material absorvente. Eu optei por usar tapetes higiênicos e levei alguns extras dentro da minha bolsa. No final não foi necessário, porque nenhum dos meus 3 cães sujou a sua área, mas eu sempre sigo a linha do "better safe than sorry".

As bolsas de transporte contam como um volume de bagagem de mão, então se você for como eu e a maioria dos mortais e só tiver direito a levar uma única bagagem de mão, saiba que ela será o seu peludo e que além disso você só poderá levar uma bolsa feminina à tiracolo *ou* uma pasta de laptop (além de casaco, guarda-chuva, bengala, essas coisas). A caixa de transporte despachada no porão conta como um volume de bagagem também. Apesar disso, tanto para os cães que viajam na cabine quanto para os que vão no porão, existe uma tarifa extra a ser paga, além do custo da sua própria passagem. Algumas companhias cobram pelo peso do cão mais a caixa, outras cobram um valor fixo por animal. Em ambos os casos, os valores não são baratos.
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