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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Cachorrês x Português

Acho que dá para ter uma idéia de como a minha vida anda corrida por causa da viagem, não é? Por isso o blog está tão parado! Mas sempre que eu acho um texto interessante na internet, eu salvo o link para postar para vocês assim que possível. Eu vi a indicação do site da matéria abaixo no Mãe de Cachorro e achei muito legal! O texto está um pouco confuso de ler, mas dá para captar a idéia. Taí uma coisa que eu vivo repetindo para todo mundo: humanizar os sentimentos dos cachorros é um erro muito grande e infelizmente bastante comum. Fonte: www.itu.com.br

Não é incomum se ouvir palavras do dicionário humano sendo aplicadas erroneamente para descrever comportamentos caninos, pois na verdade os cães têm seu próprio dicionário e geralmente os proprietários desconhecem os sinônimos das palavras humanas para estes comportamentos.

Esta situação geralmente surge quando está ocorrendo um processo de humanização do cão. A humanização ocorre de diversas formas, a mais comum delas é a (por vezes involuntária) transferência de valores humanos à existência do cão.

Vamos olhar alguns exemplos para demonstrar estas diferenças.

Compaixão

Dicionário Humano – Compaixão (do latim compassione) pode ser descrita como uma compreensão do estado emocional de outrem; não deve ser confundida com empatia. A compaixão frequentemente combina-se a um desejo de aliviar ou minorar o sofrimento de outra pessoa, bem como demonstrar especial gentileza com aqueles que sofrem.

Dicionário (sinônimo) Canino: Fraqueza – Sentimentos que demonstram demasiada caridade são projeções de fraqueza, pois no mundo canino prevalece a imagem e o papel do líder. Se aquele que se “projeta” como líder demonstra medo através de vocalizações que inferem a conivência com o medo do subordinado, este está agravando o estado inseguro do seguidor.

Enquanto escrevo isto por acaso estou de “babá” para o Shar Pei do filho da minha mulher. Ele está comigo aqui no escritório de casa sentindo a falta do Filipe e da sua noiva Bruna, pois eles saíram. Se neste momento, enquanto ele chora de fronte à porta lamentando a ausência dos seus donos, eu tentar consolá-lo com explicações de que não há necessidade de se preocupar, que seus donos logo voltarão, que o mundo não acabou, etc. estarei reforçando seu sentimento de tristeza. Daí que faço o contrário, falo com ele de forma natural distraindo ele de tempos em tempos sem tristeza, mas convidando ele a interagir comigo.

Esta posição não deve ser confundida com o ato de compaixão exercido, por exemplo, por pessoas que, vendo um cão sofrendo, buscam maneiras de ajudá-lo. Nesta situação o cão não interpreta a compaixão, pois ele não vê ele apenas recebe o auxilio. Foi com certeza assim que o Charles Darwin interpretou o comportamento humano quando disse “Compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana”. E concordo com ele quando se trata de atitudes e não demonstrações de afeto verbais que marcam o medo o animal.

O cão não sente pena. Quantas vezes presenciei situações na casa onde tivesse 2 cães e saía-se só para passear com um, em que aquele que fica se lamenta muito mas aquele que vai nem olha para trás. É um mundo onde no final das contas é cada um por si. Um cão recolhido de um abrigo não pensa nos ex-companheiros de “cela” nem lamenta o fato dos companheiros que ficaram para trás.

Ciúme

Dicionário Humano – Ciúme é uma reação complexa porque envolve um largo conjunto de emoções, pensamentos, reações físicas e comportamentos:
- Emoções – dor, raiva, inveja, medo, depressão e humilhação;
- Pensamentos – ressentimento, culpa, comparação com o rival, preocupação com a imagem, autocomiseração;
- Reações físicas – taquicardia, falta de ar, excesso de salivação ou boca seca, sudorese, aperto no peito, dores físicas.
- Comportamentos – questionamento constante, busca frenética de confirmações de ações agressivas, mesmo violentas.

Dicionário (sinônimo) Canino: Controle (eu prefifo traduzir ciúme como posse) – O comportamento que se apresenta para o dono como sendo uma atitude de defesa ou proteção, é na realidade um ato de controle do animal do próprio dono. Pois ao evitar de alguma maneira, seja pacificamente seja agressivamente, o contato do seu dono com outra pessoa, objeto ou animal, está evitando que a interação ocorra. (Eu costumo dizer que o cachorro com esse comportamento se considera o legítimo proprietário de determinada pessoa, objeto ou animal, ou seja, ele acredita que detém a posse dessa pessoa, objeto ou animal)

O humano (adulto - por que só adulto? Criança também sente ciúme) em algum momento da sua vida teve a experiência de sentir ciúme, e lembrando como se sentiu, acha que reconhece perfeitamente esta emoção forte no comportamento do cão, pois sabe que seu cão o ama muito. Infelizmente o que o dono não percebe é que o papel que ele representa no “ato ciumento” do seu cão é de dominado e não líder amado.

O animal está se comportando como um animal que controla seus súditos e não está agindo por amor. Aliás eu diria que amor está longe das intenções dele no momento que age desta forma.

O dono é visto por ele nesta hora como um recurso, um recurso que precisa ser preservado não pelo bem do dono, mas pelo bem do próprio cão!

Em suma precisamos entender que os cães vivem o momento e a não ser que “lembrados por eventos gravados por circunstâncias anteriores” não ficam remoendo o passado. Mais sobre isto em saudade!

Saudade

Dicionário Humano – Saudade - memória ou recordação de pessoas, familiares ou objetos; sentimento experimentado entre duas pessoas que estão distantes, ou que ficam muito tempo sem se ver; lembrança; lembrança de pessoas ou coisas distantes ou não mais existentes, acompanhada da vontade de tornar a vê-las ou possuí-las.

Dicionário (sinônimo) Canino: Incerteza – Quando uma pessoa ou mesmo outro animal deixa de estar presente, não é incomum se ver que o cão da casa demonstra sinais de depressão, deixando de comer ou de demonstrar uma costumeira disposição para a vida. Os cães sabem, porque assim vêem o seu mundo, que numa matilha há segurança em números. Se uma determinada “matilha” sobreviveu com 4 integrantes, quando um destes integrantes se ausenta a preocupação é com o bem da matilha, ou seja como sobreviver agora com a ausência daquele elemento. Isto dito o estado de preocupação do cão pode ficar agravado se o ser que se ausentou é justamente aquele que se apresentava para o cão como o líder, ou mais próximo ao cão. Não porque sinta saudade propriamente dita da relação que mantinha com o ausentado, mas pelo papel que o ausentado tinha na matilha como um todo. Será muito normal, depois de verificar que a vida continua, e nada falta, que o animal volta a se comportar normalmente, como se nada houvesse acontecido. Aliais, nestas circunstancias a presença de compaixão seria prejudicial a uma pronta recuperação do cão.

Dennis Martin MBIPDT
Analista Comportamental de Cães
Membro do British Institute of Professional Dog Trainers – Inglaterra - www.dennismartin.com.br

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