A primeira vez que ouvi o português de Portugal para valer foi quando vim pela primeira vez para cá. Antes, no Brasil, tinha ouvido na TV ou mesmo de portugueses que estavam vivendo algum tempo fora e que já tinham mudado um pouco o jeito de falar. Mas nada se compara a à experiência do dia-a-dia.
Não é difícil. [Eu tive o prazer de dar uma passadinha rápida em Portugal e não entendia quase nada que os portugueses falavam. Eles falam rápido e o sotaque é super forte!] Com um pouquinho de tempo acostumamos os ouvidos e se perdemos uma ou outra palavra por conta do sotaque, acabamos entendendo pelo contexto da conversa. Já houve ocasiões, no entanto, em que não consegui entender uma só palavra, principalmente se o interlocutor era uma pessoa idosa e do norte do país.
As diferenças entre o português de Portugal e do Brasil são tão evidentes que é muito comum encontrar pessoas que dizem que a Língua que falamos é o “brasileiro”. Sério! [Pelo menos lá ninguém acha que falamos espanhol, como acontece aqui nos EUA]
Nas primeiras vezes imaginei que fosse algum tipo de segregação ou até ignorância. Depois descobri que é apenas uma forma de referir-se às diferenças óbvias.
No dia-a-dia, enquanto aprende-se novas palavras, acontecem situações inusitadas e engraçadas [além de constrangedoras, como aconteceu comigo]. Algumas a gente memoriza bem rápido, pela própria necessidade da utilização, como nos meios de transporte. Não demora e sabemos que ônibus é autocarro, trem é comboio, bonde é eléctrico e que a faixa de pedestres é passadeira.
Outras palavras, no entanto, são as mesmas. Apenas o seu uso é que é diferente. Por exemplo, um dia estava passeando com o Ollie, meu cachorro, quando uma senhora muito educada fez-lhe um carinho e perguntou-me:
“É um cachorro ou um cão?”
Eu fiquei confuso, claro. Afinal, não estaria ela falando do mesmo bicho?
A senhora, percebendo meu sotaque e minha cara de interrogação, ajudou-me. Ela perguntou a idade do Ollie. Quando eu disse que ele ainda não tinha completado um ano, esclareceu a dúvida. Tratava-se ainda de um cachorro. Somente quando fosse adulto poderia ser chamado de cão. [Isso é muito legal, haha!]
Vivendo e aprendendo.
É possível aprender muito ao ler jornais ou ver TV. Mas é nas ruas e conversando com as pessoas que aparecem todos os dias novas palavras. Por exemplo: a malta (a turma), fixe (legal, chocante), puto (menino, criança), rés-do-chão (andar térreo), saloio (grosseiro, velhaco), berma (acostamento) foram palavras que aprendi ouvindo e utilizando. E há muitas outras.
Essas situações engraçadas e curiosas são uma grande oportunidade não só para aprender, mas também para ajudar a perceber o quanto a nossa Língua Portuguesa é rica. Só acho uma pena que no Brasil o contato com o português de Portugal seja ainda pequeno se comparado com o quanto o “brasileiro” é falado por aqui.
Fonte
Feliz Natal e um ano de 2011 cheio de amor...
ResponderExcluirBeijos, Fer e Pink
Obrigada, pra você também! ^_^
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