Do site da Revista Saúde é Vital.
A toxocaríase é uma doença que tem predileção por filhotes de cão e gato e pode ser transmitida para seres humanos, em especial crianças, causando cegueira.
A cena é linda: a criança beija e abraça seu amigo de estimação. Chega mesmo a rolar com ele na terra, na grama, na areia... Toda essa intimidade pode ser perigosa, caso o animal seja portador de toxocaríase, mal provocado por um parasita intestinal. Não se ofenda — o bicho que mora na sua casa pode até ser muitíssimo bem-educado, mas, se freqüenta pracinhas e afins, não está 100% livre de suspeita.
Que fique claro: não é o contato direto, como o descrito logo no início desta reportagem, que leva ao contágio, mas sim as fezes que contaminam o próprio ambiente onde a criança se diverte com seu pet. “A doença é causada por um verme chamado Toxocara spp — no cão, Toxocara canis e no gato, Toxocara cati. Ele acomete especialmente os filhotes”, explica a veterinária Vanessa Muradian, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Universidade de São Paulo.
ELES ESTÃO SEMPRE POR PERTO
Entre os animais o mal costuma ser transmitido na gestação, pela placenta, por meio de larvas infectantes, ou no período de amamentação. “Eles ainda podem ser contaminados por ovos de parasitas depositados no solo ou pela ingestão de presas que também tenham engolido o verme”, completa o veterinário Douglas Severo, professor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
A presença de ovos de Toxocara spp em locais públicos tem sido pesquisada em diferentes países, mostrando taxas de contaminação que variam de 3% a 87%. No Brasil, para se ter idéia, os tais ovos foram encontrados em nada menos do que 60% das amostras de solo de 15 praças públicas no município paranaense de Londrina, em 41,6% das praças examinadas no Rio de Janeiro e em 63,9% das amostras coletadas em 29 praças da cidade de Jundiaí, no interior paulista. “Também achamos pistas da presença de Toxocara spp em 59,3% dos parques públicos e em 69,2% das escolas paulistanas”, revela a veterinária Lucia Eiko Oishi Yai, do Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores da Prefeitura do Município de São Paulo.
Os sintomas do mal no animalzinho costumam ser choro contínuo, viver naquela postura de “pernas abertas”, abdômen distendido (um barrigão daqueles!), pêlo opaco e eriçado e outros aspectos relacionados à desnutrição. “O problema pode levar à morte do filhote, por obstrução intestinal, quando a quantidade de parasitas é muito grande”, alerta Vanessa Muradian.
O tratamento é feito com vermífugos. “Cães e gatos recém-nascidos devem seguir rigorosamente o calendário de vacinação e vermifugação, com a primeira dose deste último medicamento aplicada em torno dos sete dias de vida”, aconselha Douglas.
PERIGO À VISTA
No ser humano os ovos do Toxocara canis produzem larvas que invadem a parede intestinal, penetram nos vasos sangüíneos e linfáticos e atingem o fígado e os pulmões. Daí podem disseminar-se para vários outros órgãos, incluindo os olhos, onde causam uveíte. “Trata-se de uma inflamação intra-ocular, com sintomas parecidos com os da conjuntivite, ou seja, vermelhidão, fotofobia e embaçamento visual, além de dor e baixa visão.
É preciso ficar atento ao quadro e buscar tratamento rápido, porque a uveíte leva à cegueira”, avisa Cristina Muccioli, oftalmologista da Universidade Federal de São Paulo. O tratamento inclui colírios, antiinflamatórios, corticóides e até mesmo imunossupressores.
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quarta-feira, 23 de julho de 2008
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