A matéria é da Veja (http://veja.abril.com.br/) edição 2007 de 9 de maio de 2007.
Remédios de gente agora também são usados para melhorar a qualidade de vida dos animais.
Os animais de estimação costumam ficar parecidos com seus donos – e a semelhança não se limita a trejeitos e hábitos. Muitos cães, que passam o dia confinados em apartamento, empanturrando-se de comida, tornam-se obesos e sofrem de depressão. Natural, então, que compartilhem os remédios criados para os seres humanos. No início deste ano, a Food and Drug Administration (FDA), agência que controla a venda de alimentos e de remédios nos Estados Unidos, deu aval a dois novos medicamentos para cães. O primeiro deles, que começará a ser vendido pela Pfizer neste mês, pretende combater a obesidade canina. Atua de maneira análoga à de alguns inibidores de apetite vendidos em farmácias, que limitam a absorção de gordura no intestino. O outro medicamento é uma goma de mascar com irresistível (para os cães) sabor de bife, que traz na composição a fluoxetina, a mesma substância do antidepressivo Prozac. A Eli Lilly, fabricante do produto, estuda outros seis remédios baseados, em parte, em moléculas utilizadas em medicamentos para humanos. Todos são esperados para os próximos quatro anos.
O interesse dos grandes laboratórios farmacêuticos nos animais de estimação explica-se pelo potencial de consumo. Nos Estados Unidos, existem quase 163 milhões de cães e gatos, cujos donos gastam 5 bilhões de dólares anualmente com seus companheiros. Nos últimos cinco anos, a FDA aprovou mais de duas dúzias de remédios para esses animais, muitos deles bem parecidos com similares criados para uso humano. Na verdade, o homem e o cão compartilham a mesma fisiologia básica. "Em geral, os medicamentos liberados para uso humano foram testados antes em animais", diz o zootecnista Alexandre Rossi, de São Paulo. A diferença desses novos remédios em relação à farmacologia veterinária tradicional está no fato de que não pretendem simplesmente curar doenças. Seu objetivo é melhorar a qualidade de vida dos bichos, atacando alguns problemas crônicos, como ansiedade, excesso de peso, má digestão ou tosse. "Um cachorro não vai morrer por causa desses males, mas seguramente pode viver melhor sem eles", afirma a veterinária Márcia Marques Jericó, coordenadora do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Pesquisa realizada por Márcia mostrou que, nas grandes cidades brasileiras, quase dois em cada dez cães estão acima do peso.
A vira-lata Luana: Prozac para superar o medo de gente
O princípio ativo do Prozac – a fluoxetina –, que pode ser comprado com prescrição dos veterinários em farmácias, já é bastante usado para atenuar a ansiedade de separação, que se manifesta quando o dono do animal o deixa sozinho por algumas horas. Quando volta, os sintomas são visíveis por toda parte: móveis destruídos, cheiro de urina e fezes pela casa e reclamações dos vizinhos devido a latidos incessantes. A fluoxetina também é usada para reduzir o medo que alguns animais têm de pessoas. "Quando adotamos Luana, ela passou um mês sem sair de debaixo da cama", diz Ana Carolina de Oliveira Feijó, psicóloga de São Paulo. Por três meses, a vira-lata ingeriu comprimidos camuflados em bolinhos de carne diariamente. Também começou a freqüentar um canil para se socializar com outros cachorros. Semanas depois, Luana já balançava o rabo e brincava. "Quando estamos em casa, ela até se senta no sofá da sala." Alguns ansiolíticos também são receitados para cães com diferentes objetivos. Os donos de Igor, um cão samoieda de 5 anos, acostumaram-se a lhe dar comida quando ele começava a atrapalhar o sono com latidos incessantes. O animal chegou a ficar com 43 quilos, quando o ideal é entre 30 e 33. Após uma consulta veterinária, Igor passou a fazer dieta e exercícios e a tomar ansiolíticos. Os remédios não apenas acalmaram o cão como também ajudaram a contornar o stress provocado pela ingestão menor de comida. "A regra é a mesma para pessoas e cães", diz a veterinária Cristiane Godoi, da clínica da Cobasi, em Campinas, que trata de Igor. "É preciso ter cuidado para não errar na dose."
Cliquem na figura acima para ampliar e leiam a matéria completa na página: http://veja.abril.com.br/090507/p_123.shtml
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