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domingo, 27 de abril de 2008

Marley: maluco e irresistível

A reportagem é da Veja edição 1971 de 30 de agosto de 2006. Quem ainda não leu o livro "Marley & Eu" está perdendo uma leitura deliciosa, engraçada e emocionante! Vejam um trecho do livro na seção "Sites" aqui do blog.

Marley & Eu toca na veia sentimental de todos os que já tiveram um cão – ou outro bicho de estimação.

Há mais de quarenta semanas na lista dos mais vendidos de não-ficção do The New York Times – na qual ocupava a primeira colocação na semana passada –, Marley & Eu (tradução de Thereza Christina Rocque da Motta e Elvira Serapicos; Prestígio; 272 páginas; 34,90 reais), do jornalista americano John Grogan, é um daqueles sucessos que parecem desafiar toda compreensão. Trata-se de uma crônica da convivência do autor com seu cachorro trapalhão e hiperativo, o Marley do título. Com exceção de uns poucos episódios mais pitorescos (como o fracasso do indisciplinado Marley em uma participação no cinema), é uma história bem comum, sem nada de extraordinário: um casal sem filhos adota um cachorro; o cachorro, como muitos de sua espécie, bagunça a casa toda; o casal ganha três filhos e muda de cidade; o cachorro envelhece e morre; a família fica triste. Em teoria, qualquer dono de cachorro poderia ter produzido uma narrativa similar. Sim, mas foi Grogan quem teve a idéia de fazê-lo. E com isso acertou na veia sentimental de todos os que amam cachorros – um público nada desprezível, a julgar pelo 1,8 milhão de exemplares que o livro vendeu nos Estados Unidos. Marley, o labrador, merece esse sucesso póstumo: ele é a prova de que o maior encanto de um cão está na sua personalidade.

Marley: almofadas destruídas e ouro devorado

Não, falar em personalidade canina não constitui o pecado fabuloso da antropomorfização. Não se estão projetando atributos humanos sobre o bicho. Os especialistas em psicologia animal trabalham com parâmetros razoavelmente claros para definir a personalidade dos cães. De cinco fatores utilizados na avaliação da personalidade humana, quatro são válidos para o cão (veja quadro na reportagem original). O único que não se aplica é a responsabilidade – noção que implica compromissos com o futuro e portanto não vigora no universo imediatista da cachorrada. As diferentes raças têm características específicas. Inteligência e afetividade, por exemplo, são próprias de labradores como Marley. Ao mesmo tempo, porém, cada cachorro guarda seus atributos individuais, que podem ser avaliados na hora de comprar um filhote. Grogan e sua mulher, a também jornalista Jenny, negligenciaram um dado importante ao comprar o pequeno Marley em uma fazenda nos arredores de West Palm Beach, no início dos anos 90: não pediram para conhecer o pai do cãozinho. Foi só depois de já ter fechado negócio com a criadora que o casal viu, por acaso, o pai cachorro voltando para casa em desabalada carreira, agitado e todo sujo depois de um dia de diversão nos pântanos da região. A resistência de Marley ao adestramento deve ter sido herança paterna.


Marley & Eu é leitura leve e rápida, sob medida para a beira da piscina. A única dificuldade que ele oferece ao leitor – no Brasil – é a tradução obtusa (estamos de acordo, a versão em inglês é incomparavelmente melhor!!!). As tradutoras chegam a transformar "lab puppies" em "filhotes de laboratório". "Lab", aqui, quer dizer muito obviamente "labrador", a raça de Marley ("lab" é uma abreviação muito comum, esse erro de tradução é inadimissível). Tamanho desprezo pelo contexto parece sugerir um despropósito lógico: as tradutoras não estavam lendo aquilo que traduziam. Uma pena, porque teriam se divertido com as peripécias de Marley. Em seus 13 anos de vida, o herói do livro arranhou portas, rasgou almofadas e roubou comida dos donos. Chegou a engolir uma corrente de ouro de Jenny (que o dedicado marido recuperou, imagine o leitor como). No entanto, Grogan e Jenny – e, mais tarde, seus três filhos – se apaixonaram pelo labrador. Há um encanto simplório mas irresistível nessa amizade. Lá pelo final, o autor tenta extrair uma "lição de vida" de sua relação com Marley. O cão era capaz de encontrar a máxima felicidade buscando um pedaço de pau atirado pelo dono – uma prova de que a felicidade estaria nas coisas simples. Comparação furada: seres humanos não são criaturas tão simples (nem os cães, mas eles sabem ser felizes com as coisas simples da vida, coisa que nós não sabemos. Os cães vivem para o hoje, eles não remóem o passado e não se preocupam com o futuro). Os bichos de estimação talvez tenham pouco a ensinar aos homens (ao contrário, eles têm *muito* o que nos ensinar). Marley & Eu demonstra sobejamente, isso sim, que eles têm muito a dar.

John Grogan e sua nova cachorra, Gracie: amizade incondicional

Passos para avaliar a personalidade de um cãozinho:

=> Procure conhecer os dois pais do cãozinho. Muitos traços de personalidade são hereditários

=> Evite os extremos. Ao avaliarem uma ninhada, algumas pessoas tendem a escolher o cãozinho que se aproxima imediatamente delas, em geral um tipo mais dominante, difícil de adestrar. Outras buscam os mais retraídos, que inspiram pena – mas estes podem ter personalidade medrosa e tímida

=> Teste a agressividade, imobilizando o filhote por algum tempo. Se ele reagir com raiva imediata, tenderá a ser um adulto agressivo

=> Não leve o cãozinho para casa antes que ele tenha 7 ou 8 semanas (isso mesmo, 50 a 60 dias!!! Deixar a ninhada com 45 dias é muito cedo!!!). Esse tempo junto à ninhada é importante para que ele aprenda a se socializar

Leiam a matéria completa nesse link.

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