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segunda-feira, 2 de março de 2009

Entrevista com Cláudia Pizzolatto

Cláudia Pizzolatto é a dona da matriz da Lord Cão - Treinamento de Cães, no Rio de Janeiro. Ela foi entrevistada pelo pessoal do PetSite e a matéria está disponível aqui.

Quando o assunto é comportamento animal e treinamento de cães, é impossível não citar Cláudia Pizzolatto, a proprietária da Lord Cão.

Diplomada pela NDTA (National Dog's Training Association) como treinadora profissional de cães, ela trouxe para o Brasil um método pioneiro no treinamento de cães... e seus donos, como ela mesma faz questão de enfatizar. Nesta entrevista exclusiva, Cláudia Pizzolatto fala em detalhes sobre sua formação e seu método de trabalho.

“Prefiro ser chamada de treinadora, pois o meu trabalho está tão direcionado aos donos que na verdade acabo treinando os donos, e não os cães (pelo menos, não diretamente). Pessoas e animais podem ser treinados para atingirem o máximo de seus potenciais, enquanto que a palavra ‘adestramento’ parece muito mais limitada, estando voltada apenas para os animais."


PetSite: Como você decidiu trabalhar com cães?

Cláudia Pizzolatto: Eu sempre sonhei em trabalhar com comportamento animal, mas não sabia exatamente como, nem mesmo como isso poderia ser viabilizado. Fiz vestibular aos 16 anos, e naquela época sonhava em treinar golfinhos ou talvez trabalhar com a adaptação de animais em zoológicos para que eles se sentissem mais felizes e conseguissem se reproduzir em cativeiro.

PetSite: Por que o adestramento e não a medicina veterinária?

Cláudia: Quando me inscrevi no vestibular já sabia que não queria trabalhar com veterinária, pois não conseguiria passar pelas aulas de anatomia, nem mesmo ter que trabalhar com animais doentes e ver os donos e os bichos sofrendo. Sou muito mole para isso (risos). Pensei em Zootecnia, mas fiquei sabendo que o mercado de trabalho desta área era quase que totalmente voltado para a produção.


Mais uma vez eu me vi encurralada por não querer ver animais mortos ou sendo criados para o abatedouro. Fui até o Zoológico do Rio de Janeiro me informar sobre quais seriam as chances de trabalho por lá e me disseram que era loucura. Então resolvi arquivar os meus sonhos e partir para alguma área mais prática — e foi assim que resolvi entrar na faculdade de Administração de Empresas.

Treze anos depois surgiu a minha grande chance de tentar fazer alguma coisa que eu realmente amasse. Eu estava nos EUA, acompanhando meu marido que estava fazendo seu mestrado e tinha 3 anos para descobrir a minha verdadeira vocação. A idéia de fazer veterinária ainda era um problema para mim. Eu não queria clinicar. Foi então que lembrei do meu velho sonho de trabalhar num Zoológico, e lá fui eu cheia de esperanças para me candidatar para um trabalho voluntário.

Alimentar as zebras ou limpar a jaula dos tigres já estava ótimo. Foi uma grande surpresa descobrir que já havia uma lista de espera de mais de 2 anos para voluntários. Eu não tinha todo este tempo. Então pensei em ajudar dando banho e passeando com cães e gatos que eram recolhidos num abrigo para animais abandonados. A proposta era ótima. Eu poderia trabalhar 5 dias por semana, alimentando, limpando, cuidando, passeando e levando os cachorrinhos e gatinhos para que eles fossem adotados por uma nova família. Tudo ótimo até que eu soube que os animais tinham um prazo médio de 15 dias para achar uma nova família ou seriam sacrificados.


Mais uma vez eu desisti de trabalhar com os bichos por causa da minha incapacidade de conviver com a dura realidade da morte iminente. Mas foi lá, neste abrigo, que eu descobri que poderia ajudar outros cães e seus donos através do treinamento. Um cãozinho bem educado e ajustado teria muito mais chances de não ser abandonado e conseqüentemente acabar sendo morto. Soube na hora que era isso que eu queria fazer.

PetSite: Qual o principal motivo que leva as pessoas a procurar seus serviços?

Cláudia: O principal motivo das pessoas procurarem o tipo de trabalho que eu faço é a dificuldade que elas têm de se comunicar com seus animais e também de entendê-los. As conseqüências desta dificuldade são muitas, que vão desde a falta de aprendizado do cachorro a fazer xixi e cocô no lugar correto, até casos de agressão contra os donos.

PetSite: Qual é a sua sensação quando você termina um trabalho com um cão?

Cláudia: Para mim, a maior felicidade não é o fato do cachorro estar mais obediente no final do curso. Feliz mesmo é quando eu escuto o dono dizer: "Muito obrigado por me fazer gostar ainda mais do meu cachorro. Hoje eu o compreendo muito melhor e a nossa relação é muito mais intensa e agradável". Quando eu escuto isso qualquer sombra de cansaço se vai, qualquer dificuldade fica menor e felizmente isso é o que eu mais tenho escutado nos últimos 6 anos (isso foi na época da entrevista, agora já são 12 anos!).

PetSite: Qual o grande diferencial de seu tipo de treinamento?

Cláudia: Em primeiro lugar, que eu não gosto só de cachorros, eu gosto especialmente dos donos dos cachorros. Em segundo lugar, que o grande objetivo da Lord Cão é promover a integração do dono com o cachorro, e estabelecer um linha de comunicação entre eles através de exercícios de obediência. Sendo assim, nós não treinamos só o cão.


O dono é uma peça fundamental neste processo e a nossa atenção é focada principalmente nele. E por fim, que nós não tentamos resolver um problema isoladamente. Como nós trabalhamos com comportamento, estamos sempre buscando a solução do problema através da correção de suas causas e sempre tentando ver através dos "olhos" dos peludos.

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